Aos meninos as mães não pareciam mães por causa do nome mágico que sussurravam quando a avistavam, vinda não se sabe de onde, ao fundo da rua escura.
Pegavam nas crianças ou chamavam-nas das soleiras das portas numa urgência que as fascinava e não compreendiam.
Num arrastar de ossos espetados na pele ressequida, ela vinha caminhando inexoravelmente, deixando atrás de si uma auréola de fantasma.
A meio da rua escura pousou o saco de lona para descansar e limpar o suor que lhe escorria das axilas e lhe pingava do nariz adunco. Os negrilhos tapavam o céu e punham em toda a praça uma sombra fresca, motivo que levava os cães da aldeia a esbarrigarem-se de línguas dependuradas, numa baba de prazer.
Era um agosto sobrenatural.