Continuador da grande tradição literária de Garret, Camilo, Júlio Dinis, Eça e Trindade Coelho, João de Araújo Correia (1899-1985), «escritor de estilo castiço, forjado no comércio dos nossos clássicos e do grande mestre que é o povo, e de prosa depurada na leitura de clássicos franceses», legou-nos mais de uma dezena de livros de contos, ambientados no país vinhateiro e no país camiliano da sua pátria pequena transmontana e duriense. Os seus contos distinguem-se não só pela originalidade, pela autenticidade do mundo que retratam e pela capacidade de efabulação, como pelo dom de uma prosa de sóbria elegância, tão leve que, em certos momentos, pela sua arte de sugestão, se aproxima da poesia.
Embora a sua acção decorra numa paisagem agreste, entre gente rude, de costumes primitivos, a sensibilidade do escritor logra limar as arestas do seu mundo, conseguindo conferir alguma leveza ao que é pesado.