Em correspondência à conferência de Antero de Quental em 1871 – Causas da Decadência dos Povos Peninsulares nos Últimos Três Séculos – Miguel Soares de Albergaria reconhece um crónico atraso económico português pelo menos desde a Revolução Industrial – que nos seus fundamentos não terá sido minorado sequer durante o crescimento entre 1950 e 1973 – e identifica-o como radicalmente cultural. Descartando porém as principais causas apontadas pelo autor oitocentista, propõe como condições nucleares desse atraso a temporalidade tradicional portuguesa e a desvalorização do realismo. E argumenta a favor de um modelo lamarckiano de evolução cultural – em detrimento de qualquer revolução – apontando algumas directrizes retóricas ajustadas à actual situação portuguesa. Para que a tragédia do século XX se não repita como farsa no século XXI.
Livro recomendado no Plano Regional de Leitura dos Açores.