Aquilo que escrevo, em razão do que observo, sinto e penso, tem várias preocupações, sendo certo que me esforço por defender princípios e valores. Em face desta opção, estou por cima de qualquer pretensão ou alinhamento de caracter estético, o qual troco, de bom grado, pela defesa de uma ética e uma filosofia sem decalques rigorosos, apenas expressão de um empirismo assumidamente meu. Quero dizer, fruto da conjugação ativa das minhas sensações e dos meus horizontes de linguagem, ou seja, do meio social a que pertenço sem reservas, e que molda, de forma indelével, a minha visão do mundo.
O que escrevo, tenha o valor que tiver, é resposta a necessidades por mim sentidas, e essas carências estão retidas na minha consciência ética. E uma consciência, assim como uma ética, ou estão permanentemente ativas, ou são outra coisa. Porém, quando ativas, são múltiplas as suas preocupações, as quais têm o dever de manifestar através dos meios que melhor corresponderem às suas aptidões.
Se escrevo sob a forma poética, é por considerar que para além de uma lógica explicativa, parcialmente possível, as palavras assim usadas melhor se compreendem quando espontaneamente interpretadas. Por isso, as releituras serem indispensáveis, e a reinterpretações serem de tanta acuidade.
Que quem me leia não se deixe convencer, apenas se sinta desperto para criticar, é o que mais desejo.
José Luís Moreira dos Santos