As confidências, os desabafos, as pequenas histórias de cinco mulheres que embora partilhando um tempo e um espaço comum, apresentam sensibilidades, olhares e emoções diferentes face às peripécias da vida.
(…) A outra, a outra não tem asas. Não precisa. É o próprio ar. O seu corpo é de tal modo etéreo que chega a confundir-se com a luz e só o peso da noite a renova de ondas e fragrâncias, emanando madressilva quando a lua impera.
E ele. Ele morando em mim como quem respira. Acorda e dorme, sonha e estremece, domina e enlouquece.
E então. Então varre-se-me do espírito tudo com que hipoteticamente me agrediu, todas as suas loucuras, todas as suas exigências. Não as vejo, não as sinto. Só a presença da sua imagem, a dor da privação do seu corpo em mim. O vazio é tão terrível que perco a razão e a vontade, boiando inerte num mar de lodosas esperanças. Será isto amor? Não sei. Mas é com certeza uma das veredas do inferno. A sua falta asfixia-me como a um crente a privação de Deus.