Hussi existe. Nasceu na Guiné-Bissau, na margem de um rio que a seca engoliu. Tinha doze anos quando a guerra estilhaçou o seu mundo. Casa, escola, família, amigos. Obrigado a deixar a vida para trás, partiu para a frente de combate.
Durante a guerra, fintou tiros e bombas, tropeçou em cadáveres abandonados, alimentou-se de vento e de medo. Caminhou pela desgraça humana com a mesma inocência com que antes pedalava pelas estradas de terra batida.
A guerra é como andar de bicicleta, quando se aprende nunca mais se esquece. Hussi teve os melhores professores, enfrentou o pior dos inimigos. Mas a imagem da sua bicicleta conservou a leveza da infância.