Sendo aquele que Henry Miller considerava como o seu melhor livro, «O Colosso de Maroussi» desaconselha-se vivamente aos adeptos da temperança, aos sensatos de todas as modalidades de sensatez, aos praticantes do equilíbrio e da constância. Quase tudo neste livro é hiperbólico, no sentido em que a hipérbole é capaz de exprimir uma entrega sem reservas, um desvario consciente e entusiasmado. Acompanhado pelo amigo Lawrence Durrell, e entre dias ao relento na praia, atropelados por rebanhos de ovelhas, noites em pensões decadentes mas carregadas de história, em aldeias com um único forno para toda a população, e peregrinações à Acrópole de Atenas, Miller descobriu na Grécia o sentido da civilização.
«O Colosso de Maroussi» é uma epifania. Nele se descobre o que há de primordial na ligação entre os homens e os deuses, entre a sensibilidade humana e uma forma laica de transcendência. A Grécia, aos olhos de Miller, é o espaço onde se ligam esses fios que unem passado e presente, transcendência e imanência.