Depois do êxito de O Mistério Colombo Revelado, Manuel da Silva Rosa oferece agora ao leitor uma síntese actualizada das suas investigações sobre a portugalidade de Cristóvão Colon (Colombo).
"Entre os livros que não pude ainda preparar para o prelo, deixo uma obra com o título de 'Cristóvão Colombo de Portugal' de que pude reunir uma larga cópia de argumentos nos últimos 20 anos. Devo confessar que muito contribuíram para a minha investigação as oportunas pesquisas que Manuel da Silva Rosa teceu acerca do problema do Colombo português. Na paixão sem limites que consagrou à biografia do descobridor do Novo Mundo, esse historiador nascido na ilha do Pico (...) construiu um dos sonhos grandes da sua vida. Quero eu dizer que procedeu ao estudo meticuloso da vida e obra de Colombo (...)."
Joaquim Veríssimo Serrão
Presidente da Academia Portuguesa de História de 1975 a 2006
Catedrático jubilado da Universidade de Lisboa
"[A investigação de Manuel Rosa vem confirmar que, qualquer que seja o seu verdadeiro nome, é a origem nobre portuguesa que melhor explica as enigmáticas contradições em torno da vida de Colon."
José Rodrigues dos Santos
Autor de O Codex 632
Foi para mim uma honra ser convidada para apresentar este livro : “Colombo Português”, de Manuel Rosa. O livro anterior deste autor, “O Mistério Colombo Revelado”, publicado pela Ésquilo em 2006, já influenciou outros investigadores, incluindo a mim. Foi com base em alguns dados investigados por Manuel Rosa que escrevi o romance histórico “O Segredo da Rainha Velha”.
Creio que, após as investigações de Manuel Rosa, a história de Cristó-
vão Colon, que conhecemos por Colombo, não será a mesma. Nada ficará como dantes. Ninguém como Manuel Rosa demonstra que o descobridor oficial da América era um nobre português e foi um espi-
ão de D. João II, em Castela. A sua nobreza ficou profundamente pro-
vada após o seu intenso trabalho na busca da genealogia da esposa Filipa Moniz. Nunca um plebeu genovês podia consociar-se com uma nobre portuguesa, pois enquanto durou a Monarquia, início do séc. XX, os casamentos eram arranjados entre classes sociais idênticas.
O que mais se admira neste livro, que hoje estamos aqui a lançar, é a investigação que está por detrás. As imensas leituras, viagens, deslo-
cações, a interpretação das línguas. O que Manuel Rosa teve de estu-
dar ou pedir apoio para interpretar documentos de línguas estrangei-
ras ainda por cima com letra de difícil leitura, mesmo redigidos na nossa língua mãe. Já para não falar na imensa verba gasta nessa busca que dificilmente será reposta pela publicação dos livros. Eu sei o que custa a entrada em certos arquivos, o tempo que se sacrifica, os prejuízos pessoais da nossa vida para nos dedicarmos a uma causa.
Como portuguesa e historiadora, muito obrigada, Manuel Rosa. O trabalho que aqui demonstra devia ter sido feito pelas nossas universidades e por autores de crédito oficial. Acontece que as nossas universidades são conservadoras e para prosseguimento de carreiras, os mais novos são seguidistas dos mais velhos. Repare-se que Joaquim Veríssimo Serrão aceitou prefaciar este livro mas está jubilado. Será que aceitaria se estivesse no princípio de carreira? E assim aconteceu o que diz Goebbels: “uma mentira várias vezes repetida transforma-se numa verdade”. E um tecelão genovês transformou-se num nobre que se sentava à mesa de reis.
Pois é. Mas apareceram vários autores, desde a década de vinte do século XX, que começaram a pôr em causa um Colombo genovês. A ideia foi difícil de pegar. Mascarenhas Barreto foi muito insultado. Até que chegou Manuel Rosa (também por vezes insultado na internet) e deu outro fôlego às investigações.
Outra característica deste autor é que não se agarra a uma ideia e faz dela a sua dama, contra ventos e marés. Investiga por um lado, seguindo uma pista, investiga por outro, o que demonstra a sua seriedade em busca da verdade.
Manuel Rosa dividiu em três partes este seu livro “Colombo Português”. Sintetiza alguns dos dados já expostos na extensa obra “O Mistério de Colombo Revelado” e expõe três possíveis origens portuguesas para Cristóvão Colombo:
1º - Como sendo filho do Infante D. Fernando, Duque de Beja, e de uma filha ou neta de João Gonçalves Zarco.
2º - Como sendo D. Diogo, Duque de Viseu e de Beja, o “Último Templário”.
3º - Como sendo Segismundo Henriques, filho de Henrique Alemão, um desterrado rei da Polónia, refugiado em Portugal, dando ênfase a este último.
Ora, a 2ª hipótese, como sendo o D. Diogo, Duque de Viseu e Beja, para mim é um absurdo, pois Rui de Pina dedica-lhe várias páginas e não podemos substituir as fontes por conjecturas. Aliás, Manuel Rosa também não acredita lá muito nesta hipótese, pois sendo tão meticuloso na sua investigação, não investigou o que este rapaz mal acabado fez até aos 22 anos, quando foi morto justificadamente. Aliás, só dirigiu durante um ano, após os 21 anos, a Ordem de Cristo e a Casa de Viseu.
Restam portanto, as hipóteses de ser filho do Duque de Beja, filho adoptivo do Infante D. Henrique, ou de ser filho do rei da Polónia, Henrique Alemão. Somos levados aos Henriques porque alguém escreveu que o descobridor da América era o “último rebento de Henrique”. Mas eis aqui uma das muitas dificuldades desta inves-
tigação. Seja que Henrique for, Colombo nunca foi o “último rebento”, porque teve filhos e os últimos rebentos chegaram ao nosso século.
Devo dizer que li duas vezes o capítulo dedicado a Henrique Alemão e reconheço que a hipótese tem muita força. Mas, curiosamente, as duas teses tocam-se ligeiramente. Assim, o Paço onde casou o Duque de Beja, Paço que foi escolhido pela Infanta D. Beatriz, viúva do Duque, em 1479, para a assinatura do tratado de Alcáçovas, passou depois para a mão dos descendentes de Henrique Alemão e ainda hoje é conhecido como o Paço dos Henriques. Além disso, a âncora, brasão dos Henriques, foi concedida a Colombo mas multiplicada por cinco e dispostas como as quinas do brasão real e do brasão do Duque de Beja.
Por aqui se vê como é difícil esta investigação sobre Colombo. Qual o segredo que envolveu o seu nascimento para se manter mesmo depois da morte do descobridor e durante quinhentos anos? E ainda hoje ser um quebras-cabeças?
No “Segredo da Rainha Velha”, também eu apresento uma teoria. Eu acho difícil Colombo nada ter a ver com os Judeus. E se as armas da Polónia são uma águia, as armas dos nobres judeus, de nome Abravanel, também se assemelham a uma ave. E têm sangue real de Jerusalém, como o filho de Colombo escreveu que seu pai tinha, pois eram descendentes do rei David.
Enfim, de qualquer forma, tanto eu como Manuel Rosa não fazemos finca-pé numa teoria. Se surgirem documentos com dados diferentes, estamos prontos a analisá-los. Tal como diz este autor, “o que interessa é a verdade”.
Todavia, depois de se lerem e assimilarem as suas investigações, será difícil provar que Cristóvão Colon ou Colombo não era português. Vai dar muito trabalho aos historiadores, daqui para a frente, continuarem a afirmar que era um tecelão genovês, sem demonstrarem má fé ou ignorância. Aliás, ele até pode ter alguma ligação com Génova e não deixar de ser português. Vamos supor, por exemplo, que ele fosse filho do Duque de Beja, quando este fugiu de Portugal. Colombo até podia ter nascido no Mediterrâneo, dentro dum barco dum corsário italiano, de nome Peroso, como sugere Rui de Pina. E se o corsário fosse genovês, isso não significaria que ele não era português. É como naqueles casos em que uma mãe, que vive em determinada terra, vai ter um filho a uma maternidade que fica numa cidade e depois há a dúvida de se saber se é natural da terra onde foi gerado ou onde acidentalmente veio a este mundo. A questão da nacionalidade pode não ser uma questão linear.
As investigações de Manuel Rosa estendem-se a demonstrar como Colombo descobriu a América, ao serviço secreto de D. João II, pois as Antilhas já eram conhecidas dos Portugueses, mas não nos interessavam. Expõe bem a genialidade de D. João II que, infelizmente, não consta do Padrão dos Descobrimentos.
Outro ponto importante que o autor expressa neste livro é o recurso aos exames de ADN. Felicito-o por essa ideia, pois podemos chegar realmente por aí onde não chegam os documentos. Mas, parece-me que temos de ter cuidado. Segundo li, só dá certo quanto à progenitura masculina (não admira que a ciência só cuidasse do género masculino, é o costume). Por isso, nos nossos dias, não há nenhum descendente desses tempos que não tenha uma ascendente feminina pelo meio. Por outro lado, não se pode pensar que em séculos as mulheres foram sempre fieis aos maridos.
Gostaria de realçar também a humildade de Manuel Rosa que é sempre muito salutar num autor que procura a verdade. Manuel Rosa até colocou neste livro, p. 360, o seu site para quem esteja interessado “em compartilhar dados, apontar erros e partilhar novas descobertas sobre o Almirante”. Só espero que não perca tempo com quem não o merece e deixe de investigar com o rigor que o caracteriza.
“Colombo Português” é um bom livro de cabeceira. Está muito bem escrito, de linguagem acessível, explicando tudo muito bem, despertando em nós o interesse por querer saber mais, correr até ao fim. Após a sua leitura, ninguém dará o tempo por mal empregado.
Dizia Newton que “o que conhecemos é uma gota, o que desconhecemos é um oceano”. As investigações de Manuel Rosa, sobre Colombo, já nos colocaram para lá do meio do oceano. E parece seguir o rumo dos versos de Manuel Alegre:
Eu que fiz Portugal e que o perdi
em cada porto onde plantei o meu sinal.
Eu que fui descobridor e nunca descobri
que o porto por achar ficava em Portugal.
Fina d'Armada