Tem-se escrito muito acerca de Winston Churchill, uma boa parte da autoria do próprio Churchill. A grande riqueza de testemunhos, a longevidade e complexidade da sua carreira e a extensão das biografias são, só por si, de meter medo. Além disto, embora se possa argumentar que Churchill foi o maior britânico da sua era, surge-nos como uma figura deslocada no final do século XX. Por isso, mais necessária se torna a breve contribuição ora publicada. Traz Churchill de volta para o leitor dos nossos dias e, com esta intenção, proporciona um quadro vivo dos ambientes políticos em que ele actuou. Poucos aspirantes ao poder se prepararam com uma tal obsessão para o triunfo; não obstante, apesar dos êxitos precoces, o lugar cimeiro da governação parecia sempre fugir-lhe. A despeito do brilhantismo, era visto como incapaz e indigno de confiança por muitos dos seus contemporâneos.
A Segunda Guerra Mundial alterou o estatuto de Churchill. Nos dias negros de 1940, transformou-se num herói nacional cuja indomável autoconfiança foi uma força poderosa para a sobrevivência da Grã-Bretanha. Embora não ignorando os momentos altos, a crítica incisiva que Keith Robbins faz da carreira dele é, porém, um estudo acerca do fracasso. Mostra este génio complexo, tanto na derrota como na vitória, como o verdadeiro símbolo e o espelho de uma época, pois a duração da vida de Churchill (1874-1965) abrange o apogeu e a desintegração do Império Britânico, e os seus triunfos e tragédias como estadista são inseparáveis dos da totalidade da nação.