“Disse o cheiro da noite?”
“Disse. Conforme as horas, a noite muda de cheiro.”
Desta vez trata-se de um caso anómalo, em que o cadáver não aparece no início. E Montalbano não é o titular, mas intromete-se.
Demasiadas coincidências empurram-no.
Investiga o desaparecimento de um financeiro burlão, que levou o dinheiro de meia vila e arredores, e mais tarde do seu ajudante.
E a solução seria uma fuga banal, com o dinheiro subtraído aos muitos patos da época da bolsa, ligada a um homicídio.
Mas, bastante mais carregada de horror pungente, surge uma solução natural, sobre cujo enigma Montalbano se debruça para ver, com a piedade que se sente pelo drama silencioso de certas existências, enquanto um estranho cheiro «a fruta podre, a coisas em putrefacção» espalha, durante algum tempo, como que a sua profecia na noite de Vigatá.
« Então sentiu que a noite tinha mudado de cheiro: era um cheiro leve, fresco, era cheiro a erva nova, a cidreira, a hortelã.