Na padieira sobre a minha porta pode ler-se 1656, um ano de peste, o ano da minha construção. Fizeram-me em pedra e madeira mas, com o correr dos anos, as minhas janelas começaram a ver, e as minhas cornijas a ouvir. Vi famílias a crescer e árvores a cair. Ouvi risos e pistolas, conheci tempestades, martelos e serras e, por fim, o abandono. Depois, um dia, umas crianças aventuraram-se sob a minha sombra, à procura de cogumelos e castanhas, e eu ganhei uma nova vida no dealbar da idade moderna...A casa ergue-se numa colina, nas proximidades de uma aldeia. Sobreviveu a pragas, foi habitada por várias gerações de uma família e, pedra sobre pedra, assistiu ao passar dos anos, das décadas e dos séculos. Tornou-se numa lenda, mas foi votada ao abandono, até que, no século XX, voltou a renascer. A casa das vinte mil histórias foi testemunha de mil e uma vicissitudes: felicidade e desgraça, celebrações e colheitas, guerra e paz... Esta é a sua história, de 1900 em diante, narrada por Patrick Lewis em pinceladas poéticas de grande valor literário. As ilustrações hiper-realistas do premiado artista Roberto Innocenti fazem-nos viajar pelo tempo: desde as mudanças sazonais até à transformação da paisagem, passando pelos velhos costumes que vão mudando com o avanço da tecnologia.