A Cartilha Maternal foi publicada em 1877 e nesta altura, João de Deus já se tinha antecipado e advertido que "a primeira condição para ensinar por este método é o estudo da fala", desenvolvendo uma metodologia que, segundo ele próprio, se funda na língua viva, não apresenta os 6 ou 8 abecedários do costume, senão um, do tipo mais frequente, e não todo, mas por partes, indo logo combinando esses elementos conhecidos em palavras que se digam, que se ouçam, que se entendam, que se expliquem, de modo que, em vez do principiante apurar a paciência numa repetição néscia, se familiarize com as letras e os seus valores na leitura animada de palavras inteligíveis ".
É falando e ouvindo, que as crianças conseguem segmentar as palavras que lhes interessam, e isto muito antes de serem capazes de as empregar em frases. Concebendo a aprendizagem da leitura na sequência da aprendizagem da linguagem oral, a análise e a síntese não são operações separadas, mas operações intrinsecamente ligadas. Mas ao contrário do que acontece com a linguagem falada, a linguagem escrita tem especificidades que só a prática, sem reflexão, não consegue dominar.
Uma das características da Cartilha é exactamente o tipo de impressão adoptado nas lições. Apesar de todos os avanços tecnológicos, não conhecemos manuais escolares que proponham o que a Cartilha Maternal propôs, ao apresentar as palavras segmentadas silabicamente através do recurso ao preto/cinzento. Com este recurso a estruturas gráficas artificiais, a metodologia João de Deus recusa-se a tratar as sílabas independentemente das palavras em que estão inseridas. Para João de Deus este aspecto permite obter a decomposição das palavras sem quebrar a unidade gráfica e sonora das mesmas.