Ernesto de Sousa foi um artista de vários domínios, nomeadamente nas artes visuais e no cinema. Foi personagem central da cultura portuguesa. Fizeram parte do seu círculo de relações Almada Negreiros, Alves Redol, Lopes Graça, entre muitos outros. O seu filme «Dom Roberto» (1963), precursor do «cinema novo», foi premiado em Cannes. A caminho da Alemanha para apresentar «Dom Roberto», Ernesto de Sousa fez um longo desvio pelo Magrebe (Marrocos, Argélia, Tunísia), de onde se corresponderia com o «Jornal de Notícias». Os textos que escreveu mostram uma região muito para além dos tumultos políticos da conquista das independências. Mostram um escritor que nos cativa, procurando caminhos para entender a humanidade, para estabelecer laços com os outros.
«O Zé Ernesto tomou a decisão de partir à aventura para o Norte de África para fazer reportagem. Essa viagem foi um impulso e um grande entusiasmo, que com ele partilhei. Baseava-se sobretudo na descoberta pessoal da importância da cultura do Norte de África na nossa própria cultura e na solidariedade com o movimento de independência da Argélia. Estávamos no princípio dos anos 60.»
Isabel do Carmo, Prefácio