Amália Rodrigues recebia, diariamente, dezenas de cartas.
E todas eram lidas.
A partir deste facto houve quem se atreesse, ainda, a escrever-lhe uma carta.
Uma carta original
de 'alguém' cuja identidade só no final se revela.
Escrita no tom da cumplicidade, permaneceu guardada num fundo de gaveta.Abri-la, será atrever em recantos do percurso de vida da artista sugerindo uma leitura humanizada do mito que Amália representa.
O tom intimista da estratégia narrativa
propõe desafiar diferentes gerações de admiradores,
jovens e menos jovens ou simples curiosos...
avivando o interesse pela expressão do Fado
em quem o canta.
Nesta carta bordam-se as linhas
da estória de uma vida no tecido da história do país.
Também por isso,
foram objectivos concretos um selo, um xaile, uma guitarra, flores...
pertença do universo real e quotidiano de Amália,
que serviram de suporte à ilustração.
São apontamentos 'etnográficos' da comum memória.
Ou, o mesmo será dizer, representam património vivo
a conhecer e a estimar.