Manuel Mocho deixou o bosque há dez anos. Conheci-o numa paragem de autocarro e fiquei fascinado pelos seus olhos tão invulgares que me convenci de que viam algo de especial. Acolhi-o em casa. Disse-me que vinha à procura de grutas onde a sua sensibilidade pudesse encontrar um lar. Manuel Mocho aprendeu a habitar, o que implica angústia e indisciplina e, por entre a diversidade do mundo, conseguiu descrever instantes à sua maneira. Este pequeno conjunto de textos de Manuel Mocho tem o cunho da sensibilidade irrequieta, na procura de sentidos, nas coincidências de palavras que desaguam em frases, desvelando significados que se assemelhem à vida. A sanidade tão longe da vida e tão perto da mão.