«Foi na Primavera de 1988, durante uma estadia em Ponta Delgada, que conheci José do Canto. É verdade que ele já morrera, mas desde quando é que tal afectou o meu interesse por alguém? De certa forma, sinto-me mais perto dele do que dos meus contemporâneos. Não se trata, como é óbvio, de uma identificação. Quase tudo – e não apenas a época, a origem social e o sexo – nos separa. E, no entanto, não descansei enquanto não decifrei o enigma que o rodeava.»
Maria Filomena Mónica, in Prefácio
Descendente de uma ilustre família açoriana, José do Canto apaixonou desde logo Maria Filomena Mónica que lhe dedica a obra que já classificou como o «livro da sua vida». Nascido em 1820, José do Canto era, no sentido próprio do termo, um 'vitoriano'. Apesar de natural de São Miguel e não de Inglaterra, a sua cultura era cosmopolita, sem no entanto jamais deixar de ter saudades da neblina, do mar e das laranjeiras da sua ilha – que queria perfeita. Foi por isso que a deixou e foi, por isso, que, muitos anos passados, a ela voltou, para enfrentar um destino terrível. Nesta obra biográfica, Maria Filomena Mónica conta a história desta família em várias gerações, num retrato vivído e apaixonante de uma época.