Com as suas profundas contradições, heróico nos campos de batalha, lutando pelo trono, conseguindo uma bula do papa que desmente a sua bastardia e o dá como filho legítimo do casamento morganático de seu pai, o príncipe D. Luís, com Violante Gomes, D. António de Portugal, Prior do Crato, chega a ser proclamado rei pelo povo e por uns quantos patriotas, fidalgos e bispos, quando Filipe II de Castela ia comprando um Portugal que perdera a honra e avançava com o duque de Alba pelo Alentejo e pelo mar, acabando por vencer na batalha do vale de Alcântara aqueles que até ao fim não se renderam. Ferido, como já o fora em Alcácer Quibir, D. António inicia então uma série de guerrilhas, viagens e combates navais. Ainda reina na ilha Terceira, nos Açores. À aliança da bravura, da cultura e da pertinácia, junta-se o poder de sedução deste homem que teve filhos de dez mulheres, sem nunca se casar, e viveu sempre o conflito entre essa sensualidade e os seus escrúpulos morais, mantendo um diálogo muito especial com o Divino, patente no livro que escreveu em latim. Eis o Prior do Crato que este livro apresenta em actos, pensamentos e revelações, na sua vida quotidiana, também reimaginada, e por vezes inventada, e nos seus Cadernos Secretos, onde encontramos relatos de intrigas, amores e aventuras, considerações sobre a época e saborosas surpresas.