Por mais longe que cheguemos, nunca podemos fugir da infância.
Quando José é convocado pelo velho patriarca da família, com quem não fala há anos, a sua perplexidade é enorme e, por isso, inescapável a recordação do verão de 1982, em que o avô – nadador de longas distâncias e anticomunista fanático, a quem o cancro levou todas as mulheres – o foi buscar a uma aldeia algarvia onde a mãe o deixara com uma estranha, decidido a tornar-se o pai que ele nunca tivera.
Foi nesse verão que a perigosa quadrilha de Mancha Negra fugiu da cadeia, provocando uma caça ao homem sem precedentes que deixou o País em sobressalto; que José mergulhou da rocha mais alta e que foi atingido por um raio, julgando assim ganhar os superpoderes necessários para descobrir o paradeiro dos bandidos e resolver o mistério do desaparecimento da mãe; e que, na companhia de um rafeiro chamado Rocky e de três amigos extraordinários, viu nascer dentro de si uma força e uma ferida que, mais tarde, o levariam a tentar corrigir os males do mundo pelas próprias mãos. As memórias da vida numa mansão do Estoril, com o avô austero, uma tia devota e uma prima cúmplice, levam-no a regressar à serra algarvia 30 anos depois, para resgatar o que ficou dessas férias grandes, descobrindo, afinal, o que precisava de saber sobre si próprio.
O Caçador do Verão é um romance fascinante sobre a importância da família e da infância nas nossas vidas, que recupera um tempo em que Portugal se aproximava velozmente da Europa, com tudo o que isso tinha de grato e fatídico.