Crimeia, 190. Uma jovem de 16 anos. Um «velho» bolchevique de 42 anos. Apaixonam-se, intensamente. E decidem unir os seus destinos.
Ela, filha de um menchevique que se tornou bolchevique e grande amigo de Lenine. Ele, dirigente bolchevique, apreciado e estimado por Lenine (que lhe chamou «filho querido do partido»).
Oito anos depois (27 de Fevereiro de 1937), Bukharine é preso pela NKVD (a polícia política de Estaline). Um ano mais tarde, é submetido a um julgamento-espectáculo, encenado por Estaline, e é condenado à morte (madrugada de 13 de Março de 1938). Foi executado, com um tiro na nuca, em 15 de Março. Todavia, cinquenta anos depois (1988), acabou por ser politicamente reabilitado e reintegrado, a título póstumo, no Partido Comunista da União Soviética.
Mas, depois da prisão de Bukharine, foi a vez de Anna Larina, em 11 de Julho do mesmo ano. Conheceu então uma larga parte do universo repressivo estaliniano: a deportação, as prisões de diversos tipos, os campos de concentração do Gulag, a sinistra superprisão de Lubianka (onde chegou a ser interrogada pelo próprio Béria, já a chefiar a NKVD). E até a iminência de ser executada, também com um tiro na nuca.
Felizmente, Anna Larina Bukharina consegui escrever este extraordinário livro-documento sobre as suas vivências, tão terrivelmente dramáticas. e sobre o destino de toda uma vanguarda revolucionária tragicamente devorada pelos criminosos delírios de Estaline.
Por outro lado, estamos também perante um livro sobre um grande amor, uma paixão - entre um homem e uma mulher unidos pela Revolução, mas irremediavelmente separados por uma implacável máquina repressiva e contra-revolucionária.