As épocas têm as suas verdades, de que o tempo só conserva as fundamentais. Persistem, assim, entre os escritos, como outros tantos sinais e fontes, aqueles que percebemos como essenciais. Por definição inspirados, os livros sagrados ganharam, da transmissão à redacção, um poder encantatório. A sua beleza vai além da ordem estética, residindo na origem e fim do homem. São tratados de sabedoria que ultrapassam as raias da realidade. Os mitos e as lendas são considerados como tendo outra essência. Os mitos são expressões simbólicas, manifestações psíquicas da alma. Como os livros sagrados, embora de outro modo, respondem às interrogações primordiais do homem. Mas, ao contrário deles, não pretendem impor princípios espirituais aos seus leitores. Seis séculos antes de Cristo, Buda faz uma constatação que poderia conduzir ao desespero: "Tudo é dor". Dor é o nascimento, a doença, a velhice, a separação do que amamos, a união com o que detestamos, a decepção gerada pelo desejo, etc.. Mas Buda propõe ainda um conjunto de métodos para aceder à serenidade durante a existência terrestre e alcançar o Nirvana, estado de libertação completa do sofrimento e das suas causas.