“O Bordel das Musas ou as nove putas donzelas” é um livro de poemas eróticos que levou o seu autor, Claude Le Petit, à fogueira. Libertino, vivendo na Paris do século XVII, Le Petit escreveu versos ousadíssimos, satíricos e de um anti-conformismo radical. Esta é a primeira edição portuguesa dos peomas que sobraram desse livro proibido e destruído. Aos poemas, cuja versão portuguesa é de um poeta, Eugénia de Vasconcellos, junta-se a surpresa de 22 desenhos originais do escultor João Cutileiro.
Este é um livro livre para mentes livres, como Claude Le Petit deixa bem claro neste soneto:
sobre o meu livro. Soneto
Cortesãos de Príapo e do pai Baco, bons pulhas,
Vigorosos oficiantes das nocturnas patrulhas,
Veneráveis fodilhões de inesgotáveis colhões,
mestres desvirginadores, dos cornos artesões.
E vós, putas rascas, nádegas invencíveis,
Que dos nossos bacamartes bengalas fazeis,
Damas do Putedo, agradáveis gárgulas a nu,
Vós, empaladores cobardes e comedores de cu.
Vinde todos ao bordel destas Musas lúbricas, flamas:
O espírito que tem prazer nos discursos satíricos
Há de vir-se, sem dúvida, ao som de acordes líricos.
Este livro há-de florir sem temer as chamas;
Sofremos para o prazer dos corpos neste lugar,
Mais sofreremos pra alma o prazer dar.