A geração IÉ-IÉ tinha estilo, grande auto-estima, era muito vulnerável ao apelo de ideias novas, revolucionárias até, e, claro, muito sensível e atraída pela liberdade de escolha e de expressão. Lembro-me do cheiro do vinil, do Valentim de Carvalho, das capas dos EP e LP, do Salut Les Copains, do desespero que vivi quando o meu primeiro 78 rotações do Bill Halley, que ainda cheguei a ouvir numa reles grafonola, se partiu em cacos. Das festas e reuniões, dos namoros, da animação e do divertimento espontâneo e saudável, tudo isso com a «nossa» música como pano de fundo e elemento aglutinador. [Luís de Freitas Branco]
Luís Pinheiro de Almeida [Coimbra, 1947], licenciou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Lisboa, e é jornalista profissional desde 1973. Foi Director-adjunto de Informação da Agência Lusa. No que à música diz respeito, é fundador do jornal Blitz (1984), co-autor de Enciclopédia da Música Ligeira Portuguesa (Círculo de Leitores, 1998, esgotado) e Beatles em Portugal (Documenta, 2012). É autor e/ou co-autor dos programas de rádio Amigos de Alex (1985-1995) e Ob-La-Di Ob-La-Da (1988-1991), nomeados para Sete de Ouro, Há Horas Felizes (1991-1993), todos na RFM, Mensageiro da Moita (2000-2004), na Rádio Voxx, e VivaMúsica (1985-1989), na RTP. Fez parte do júri do Festival RTP da Canção em 1988, e foi director da agência de notícias da EXPO-98 e director do portal de Cultura NetParque (2000-2002). Coordenou diversas colectâneas de música, entre as quais Biografia do Pop/Rock (Movieplay, 1997), All You Need Is Lisboa, com versões portuguesas de canções dos Beatles (EMI, 2004), Óculos de Sol, Vozes da Rádio, Melodias Para Sempre, Volta a Portugal e Love Me Do sobre os 50 anos dos Beatles (todas em iPlay, 2010 a 2013). Comprou o seu primeiro disco de música ié-ié portuguesa em Coimbra no dia 20 de Julho de 1964, um EP instrumental dos Titãs com uma versão de «Menino de Oiro», de José Afonso.