«A minha infância foi uma velha máquina de escrever, onde tentei juntar letras, fazer palavras, e que bonito era aquele som!», escreveu algures Alice Vieira. Em Bica Escaldada, um conjunto de crónicas publicadas no Diário de Notícias, Jornal de Notícias, Tempo Livre e Activa, sentimos que a infância de Alice foi algo mais que uma simples maquina de escrever. Foi vivida com uma doçura muito própria, escondida, por vezes, em rituais familiares severos e marcantes. Foi vivida, também, com magia e, mesmo nos momentos mais dramáticos, como a morte, não falta o gesto reconfortante e inspirador. Foi uma infância muito especial, povoada de personagens incríveis, que facilmente se apercebe ter sido o véu inspirador da nossa maior escritora infanto-juvenil. São crónicas breves que, por outro lado, nos fazem recordar um tempo onde a infância e a juventude tinham, de facto, um outro sabor.