Mia Couto seleccionou, de entre publicação dispersa por jornais e revistas ao longo de anos bem recentes, estes trinta e oito textos que agrupou sob o título Na Berma de Nenhuma Estrada e outros contos.
Cada novo encontro com a sua escrita significa uma viagem a que não apetece pôr termo.
A intensidade das personagens, a multiplicidade de registos em que as várias tramas ocorrem, o universo do fantástico e do sobrenatural coexistindo em perfeita sintonia com o dia-a-dia da tradição, da cultura e da vivência experenciadas, a capacidade de efabulação, a oralidade que emana da palavra escrita transformando-a em puro som, são portos a que acostamos e que nunca desvendamos por completo.
Façamos escala em «Fosforências», «O último ponto cardeal», «O fazedor de luzes», «Os amores de Alminha», «Os gatos voadores»; tomemos o rumo de «As cartas», «O escrevido», «Ave e nave»; voguemos ao sabor de «A multiplicação dos filhos», «As lágrimas de Diamantinha», «O amante do comandante»; que deixemos que as ondas nos levem até «Rosita»; e mergulhemos profundamente nas águas, agitadas às vezes, tranquilas outras, do imaginário inegostável do autor de Na Berma de Nenhuma Estrada e outros contos.