"A máfia não perdoa, não esquece, e Roberto Saviano sabe-o bem. Sem medo, infiltrou-se na Camorra, saiu de lá vivo e contou a sua história. Desde então vive em fuga, preso em quartos de hotéis, de onde só sai sem aviso e com escolta, a ver a vida através dos vidros fumados dos carros, à prova de bala, à prova de bombas. É o Inferno de que nos fala este livro. A vida em permanente fuga, sem poiso firme, sem luz. Do outro lado, porém, resiste a Beleza. Saviano recorda ir às escondidas ver Lionel Messi, a «Pulga""», a devastar os adversários; lembra-se de falar com ele, nos balneários, e ouvir a incrível história do menino anão que venceu o próprio corpo com um coração de gigante. Este livro é a história do «Pulga», mas também de Miriam Makeba, que um dia foi cantar para Saviano - para ele, por ele, e por todos os filhos da Mãe África que morrem às mãos manchadas de sangue e de culpa; ou ainda a história de Anna Politkovskaia, outra jornalista sem medo, morta porque não havia outra maneira de a silenciar. São os rostos da beleza, as vozes da liberdade, o que resta no mundo cada vez mais fechado de Saviano. São as suas histórias desde que foi condenado à morte, as palavras que consegue pôr cá fora, o que ainda lhe é permitido ver, ouvir e dizer, todo o horror e poesia que existem entre A Beleza e o Inferno."