Prémio Femina 2007 - Romance do Ano Uma sala escura, estranho sítio para procurar uma mãe. No entanto, é aí que Gilles Hector passa uma parte dos seus dias procurando no rosto das actrizes que desfilam no ecrã um indício, um sinal de familiaridade que possa provar que uma delas é aquela que o trouxe ao mundo. Ao morrer, o seu pai, Jean Hector, fotógrafo de cena deixou-lhe um segredo: Gilles é fruto de uma ligação durante a rodagem de um filme. O seu ADN está impresso numa película, resta saber qual. Gilles percorre os cinemas de bairro, analisa o rosto de segundas figuras, formula hipóteses. Para ele, a cinemateca é um banco genético. O seu teatral encontro com Mayliss inscreve-se nessa busca, com os naturais incidentes de uma história de amor: acessos de paixão, zangas, mal-entendidos, reconciliações. Entende-se bem: é difícil amar quando nunca se recebeu um beijo de mãe. Numa leitura mais profunda este livro é também um inquérito, menos sobre as origens do que sobre o amor e o mistério do ser. A este propósito Fottorino revela-nos a eterna maldição do homem. Como há mais de dois mil e quinhentos anos, este é cego e vive como pode em busca da felicidade, da salvação, do paraíso.