No início do século XX, Walter Lippmann demonstrou que as democracias eram o sistema político mais conveniente ao Poder porque os políticos conseguiam conduzir, de forma aparentemente livre, uma conformada, apática e obediente opinião pública. Para isso, os políticos só teriam de conseguir controlar o principal mecanismo de construção da opinião pública – os media. Para os ajudar nesta missão, os governos começaram a contratar exércitos de propagandistas, relações públicas, assessores de imprensa, consultores de comunicação e imagem, ‘marketeiros’ e, mais ultimamente, spin doctors.Por isso, é de crucial importância conhecermos a real influência destes técnicos nas notícias, assim como percebermos as suas origens, o seu nível de sofisticação e as mutações sofridas ao longo dos tempos. No caso português, é indispensável ainda tentarmos perceber quem são, onde são recrutados e que técnicas empregam para atingirem o sucesso na conquista e manutenção do poder. Aliás, a influência dos spin doctors nos media é um fenómeno retratado em filmes e séries de grande sucesso mundial, circunstância que justifica um conhecimento mais aprofundado, não só dos mecanismos de ação da comunicação política, mas também dos efeitos positivos e negativos sobre a informação pública.Uma comunicação social forte é indispensável ao regime democrático, pelo que este livro pode constituir um contributo para a compreensão dos mecanismos de produção do noticiário político em Portugal e, neste sentido, para uma maior perspicácia da opinião pública na interpretação das notícias.