A legitimidade das organizações assenta na sua capacidade
para gerar valor para a Sociedade. Esta premissa parece
reunir o consenso de todos os constituintes organizacionais
– actores com interesses concretos e dos quais a organização
depende – a quem é distribuído o valor criado. A mensuração
do valor, por seu lado, não reúne o mesmo consenso. Ou seja,
o valor não existe em abstracto, ele é obtido num determinado
contexto de tempo, lugar, proprietários e usos potenciais,
pelo que estará continuamente em mudança. Como consequência,
o valor apenas pode ser expresso em relação a um
determinado momento, sendo afectado por factores subjectivos
e outras contingências, com os vários métodos de avaliação
a excluir dos cálculos muitos efeitos colaterais.
Neste livro advoga-se uma abordagem pluralista na avaliação
do desempenho das organizações, através da construção de
alguns mecanismos de participação para os principais constituintes
organizacionais, procurando equilibrar os interesses de
todos eles, mesmo admitindo que esses interesses, por vezes,
possam ser antagónicos. A criação de valor e a sua repartição
são dois processos indissociáveis, apesar das dificuldades da
sua aplicação. O modo como a repartição do valor criado é
feita entre os diferentes constituintes organizacionais, faz a
diferença das perspectivas de governo das sociedades.