Uma reflexão filosófica sobre a morte voluntária sem chegar a ser um ensaio filosófico no sentido mais estrito de um escrito disciplinar. Nele são pensados certos temas que desde os primórdios do pensamento filosófico foram articulados com a reflexão sobre a morte: a relação entre corpo e espírito, a liberdade e responsabilidade intrínsecas à decisão humana, a relação com o Outro. São pensados sem que lhes seja dada uma solução, e não somente pensados, pois Améry debate-se com o que pode ser a decisão de se dar a morte, uma morte livre. O suicídio é enfrentado num plano íntimo e absolutamente pessoal, o que equivale a um ponto de vista anterior a qualquer consideração da Psicologia ou da Sociologia. Améry descobre o suicídio como um acto paradoxal, mas não absurdo; paradoxal pois contrário à lógica da vida, mas não um sem-sentido. No embate com a morte voluntária, o encontro do paradoxo permite-lhe tentar a conquista do lugar que é o de todos os suicidas, seja qual for a sua situação particular.