Quando Ora se prepara para festejar a desmobilização do filho Ofer, ele volta a juntar-se voluntariamente ao exército. Num ímpeto supersticioso, temendo a pior notícia que um pai ou uma mãe podem ouvir, Ora parte numa caminhada para a Galileia, sem deixar qualquer rasto para os "notificadores". Recentemente separada do marido, arrasta consigo um companheiro inesperado: Avram, outrora o melhor amigo de ambos, o antigo amante, que tinha estado prisioneiro durante a Guerra do Yom Kipur e fora torturado, e que, destruído, recusara sempre conhecer o rapaz ou ter contacto com eles. Durante a caminhada, Ora vai desenrolando a história da sua maternidade e inicia Avram no drama da família humana - uma narrativa que mantém Ofer vivo, tanto para a mãe como para o leitor. A sua história coloca lado a lado os maiores sofrimentos da guerra e as alegrias e angústias quotidianas da educação dos filhos: nunca se viu tão claramente o real e o surreal da vida quotidiana em Israel, as correntes de ambivalência sobre a guerra numa família, os fardos que caem sobre cada nova geração. Numa situação de conflito coletivo e duradouro, como conciliar as preocupações individuais de uma mãe que, afinal, prefere a companhia de um filho à missão patriótica? Como manter a causa pacifista se aqueles que podem atirar contra um filho são justamente aqueles com quem se quer fazer a paz?