Entre os compositores brasileiros da nova geração, Livio Tragtenberg é um nome que vem se impondo pela criatividade de sua linguagem artística e pela qualidade de seu discurso teórico-crítico. Engajado no protejo da vanguarda e de suas pesquisas mais avançadas, desenvolve combativa guerrilha estético-cultural e poético-musical. Procurando escapar aos ditames da articulação linear de um sistema, como foi a série para o deflacionismo, e aos da não-linearidade como elemento constituinte da elaboração estrutural, isto é, da mera obra aberta, avança para o horizonte da arte do possível, sem a tutela de alguma paradigmática modulante ou sistemática impositiva, sejam elas vazias ou cheias, negativas ou positivas. É sob o signo de um dialogismo crítico, cujo organon está na própria prática da criação, que Livio Tragtenberg promove a sua campanha. Entre técnica e estética, entre indeterminação e determinação, entre forma aberta e fechada, entre sons acústicos e sintetizações sonoras, no limite destas contraposições e por sobre a sua suposta infranqueabilidade dicotómica, estabelece ele um espaço de invenção; o seu locus de criador.