« Em Março de 1992 um homem entra na embaixada inglesa de um país do Báltico e pede para se encontrar com alguém com "autoridade".
Segundo o seu próprio relato, - não necessáriamente a verdade -, trazia uma típica mala com uma síntese da Rússia dentro: comida para a viagem, salsichas, pão e... segredos.
(...)
O russo Vasili mitrokine, era um arquivista muito especial e trazia consigo uma amostra so seu arquivo com que pensava interessar os ingleses.
O dono do arquivo, de que o arquivista tinha subtraído uma pequena parte, tão vital como todas elas, era o SVR, o herdeiro dos papéis, das fichas, dos dossiers, e do material electrónico, em pequena quantidade, da Tcheka, do GPU, do NKVD, e do KGB.
Nos meses seguintes ele trouxe outras partes e, com uma pequena ajuda dos seus novos amigos, acabou por levar tudo o que tinah e era muito.
Na sua datcha ele tinha escondido (...) milhares de páginas manuscritas e dactolografadas com cópias de documentos originais do arquivo de que era responsável.»
Eis um excerto do prefácio de José Pacheco Pereira, num livro em que algumas das páginas são dedicadas aos comunistas portugueses e a Àlvaro Cunhal, líder histórico do PCP que, segundo Mitrokhine, se comprometeu a entregar ao KGB material sobre os serviços de segurança portugueses e também sobre a NATO e outros assuntos.
Além de grande número de documentos da PIDE/DGS, o PCP também é acusado, neste livro, de fornecer os ficheiros dos serviços de informação militar e do novo serviço de informação estabelecido depois da revolução: ao todo, 474 quilos de documentos, que na sua versão em microfilme incluíam 68 138 imagens, ao ponto de ser criada, em Janeiro de 1976, uma secção especial na sede do KGB, para trabalhar os documentos portugueses.