A vida, ou a forma como a encaramos, dá-nos duas alternativas: gozar com ela ou ser gozado por ela. Gosto de pensar que os textos do Rafeiro Perfumado são um exemplo da primeira alternativa: encarar a vida como um gigantesco jardim infantil, onde até nas contrariedades podemos encontrar motivos para sorrir, nem que seja de nós mesmos. Claro que alguns dos nossos «companheiros de brincadeira» mereciam uns açoites e mereciam ficar a um canto com orelhas de burro, mas no fundo, muito no fundo, a vida sem imbecis que nos façam rir seria bem enfadonha. A decoração da casa, as peripécias ocorridas nas férias e as frequentes picardias entre homens e mulheres, tudo serve de inspiração ao Rafeiro Perfumado que procura explorar os pequenos detalhes que a loucura do dia-a-dia não nos deixa perceber facilmente. E, convenhamos, um livro que emprega palavras como «peidola» ou «glândulas mamárias» só pode reflectir um grande poder de observação do seu autor. E o leitor? Qual será a sua escolha? Gozar a vida ou ser gozado pelo Rafe..., perdão, ser gozado por ela? Espero que a leitura deste livro o elucide definitivamente.