Antero de Quental é uma das mais importantes figuras de toda a história da cultura portuguesa, destacando-se na famosa Geração de 70.
Ana Maria Almeida Martins, que se tem dedicado incansavelmente aos estudos anterianos, conta a história da viagem de Antero aos Estados Unidos da América, colocando em evidência a equilibrada e profunda intelectualidade do escritor, o seu interesse pelas grandes revoluções que se desenrolavam na América - políticas e tecnológico-industriais -, as suas incursões pela literatura norte-americana. Leitor de Tocqueville desde os 23 anos, discípulo de Proudhon, o grande teórico do federalismo, Antero interessou-se pelo sistema político da jovem democracia republicano-federalista, e a sua curiosidade tornou a visita aos Estados Unidos da América em muito mais do que uma breve viagem de recreio. É também de assinalar o seu interesse pela cultura norte-americana, pois Antero de Quental está entre os primeiros tradutores portugueses de Edgar Allan Poe. Foi um declarado admirador de Longfellow e, desde 1874, atento à extraordinária singularidade da poesia de Walt Whitman.
Antero embarca rumo ao Novo Continente para saciar esse desejo de descobrir as efervescentes forças sociais, o desenvolvimento industrial e capitalista, a vida concorrida e populosa da grande metrópole. Desta viagem sobreviveriam memórias, mas também o acentuar de influências literárias norte-americanas na obra do escritor.