O Brasil era o Paraíso na Terra, colónia tropical onde se amava livremente e o pecado não existia. Até que chegou a Inquisição.
Em 1591 chega ao Brasil a armada que traz de Lisboa a comitiva da Inquisição, liderada por Heitor Furtado de Mendonça. Para além de marinheiros, degredados, aventureiros e padres da Companhia, desembarca também um grupo de órfãs do reino, entre as quais uma jovem de cabelos loiros, sobrinha do poderoso Senhor de Engenho da vila de Jaguaripe.
A visitação do Santo Ofício inicia-se em Salvador, após publicação do Edital onde estão descritos crimes de fé como feitiçaria, blasfémia, adultério ou sodomia. Rapidamente as denúncias e confissões minam o ambiente tropical da colónia portuguesa. O escândalo parece apenas poupar o distante engenho de Jaguaripe, agraciado com a chegada do seu anjo loiro, onde a pureza da fé e dos costumes ainda imperam.
Através da perseguição obstinada do Inquisidor, a comitiva cruza-se com heresias formidáveis, como o índio que se autodenomina de Papa e o seu braço direito de nome Jesus Preto, ou a promíscua Felipa de Souza, useira e costumeira de namorar mulheres. E se para os portugueses o Brasil era o Paraíso na Terra, cedo se transforma num antro de paixões, onde nem os anjos são inocentes.