Os astros são palavras outras que dão título a um livro que encerra em si duas décadas de produção dispersa e despreocupada. Quem conhece o autor, sabe que o pincel sempre foi complemento mais fiel da sua mão do que a pena. Não obstante, a poesia transfere-se para a tela se por poesia entendermos produção estética e efusão de sentimentos. Nesta perspetiva,
entende-se o efeito de crisálida da poética de Aurélio Mesquita e do seu intento de tonificar, com igual valor, todas as fases da vida: desde o estado larvar ao, dito, apogeu do belo.
Do inatingível e distante Saturno e dos seus anéis ao des_amor próximo, mas igualmente distante, o poeta privilegia, quase sempre, o pormenor, as pequenas coisas que quase passam despercebidas, mas não aos olhos atentos e acutilantes do autor _e a filosofia, essa, não a ponho de parte, corrompo-me com ela.
Serão memórias? Reflexões? Talvez... Saturno não responde e, por vezes, até o poeta se interroga se só ele lê a sua palavra. Mas são, certamente, palavras profusas de significado, de alcance. Que, felizmente, o autor ousa agora partilhar com todos nós.