Um livro denso, poético, de uma humanidade tocante, em que a Natureza e a personagem principal, uma jovem mulher, se cruzam num bosque alegórico, numa dialéctica panteísta, de forma a que as respostas às questões formuladas radiquem na profundidade do ser e da criação. A Natureza é convocada e participa no romance de mão dada com os animais que, à laia de fábula distópica, vão dando opiniões e conselhos, verberando a crueldade do Homem. Há igualmente a intervenção de deuses gregos e romanos que se manifestam actuais, de figuras históricas do presente e do passado, de heróis e tiranos e até de um tóxico-dependente que Luísa, a protagonista do romance, recupera com o amor. Num registo onírico, que decorre em permanente contraste entre a fantasia e a realidade, oferece-nos Miguel Barbosa mais um fortíssimo romance que muito vem enriquecer as letras portuguesas.