“Ó Ilha de Luanda será que em tempos também foste minha? Hoje, ficas muito para além do horizonte... Para além das recordações e da saudade… O teu tépido Sol... Amena frescura que chegava embalada no regaço das tuas ondas tropicais que tantas vezes passei horas brincando com elas, mergulhando, nadando, boiando ou só afagando tuas águas, por vezes, ficavam revoltadas, tinham génio, não queriam brincar, davam urros, atiravam-me para a areia com toda a força, esse mau humor era conhecido por calema; Depois, vinha acalmia, a espuma branca, o sossego e paz no encanto da embriaguez de um e do outro. Nessa altura, pegava num búzio e ouvia no meio de uma suave melodia a voz do tempo! A voz daqueles que já partiram! A tua voz! A voz do além! A Voz do desejo! A voz do sonho! No meio desse encantamento, sentia o corpo flutuar! Assim é a magia e o feitiço Africano. Eu tenho saudades tuas, e tu, ainda te lembras de mim? O próximo búzio que encontrar, vou por no meu ouvido para escutar o teu recado.”