«O mínimo que se pode dizer das Comemorações do Centenário do Nascimento de Agostinho da Silva, ainda em curso, é que têm assumido uma dimensão inédita. Desde 13 de Fevereiro de 2006 até ao presente, e projectando-se já para o futuro, as centenas de eventos evocativos, homenagens e encontros científicos em Portugal continental e ilhas, no espaço lusófono – de Timor à Galiza, passando por Macau, Goa, África e muitas cidades do Brasil – e ainda no Canadá, na África do Sul, na Bélgica e na França –, fazem-nos tomar ainda mais consciência de estarmos perante uma vida, uma obra e uma mensagem singulares, que tocaram e tocam no mais fundo do espírito e do coração de imensas pessoas em todo o mundo, originando um movimento espontâneo de simpatia e interesse, a nível nacional, lusófono e mesmo internacional, pelo exemplo e pelo pensamento do Professor. (...)
O presente volume de Actas corresponde ao momento cientificamente mais significativo das Comemorações e de toda a recepção da obra agostiniana, o Congresso Internacional que reuniu três das principais universidades portuguesas, acolheu investigadores de diferentes nacionalidades, formações e gerações e constituiu a homenagem da academia portuguesa a um dos seus mais notáveis e ostracizados filhos. Cremos que a presente obra é já um marco no necessário e desejável estudo crítico e científico do pensamento de Agostinho da Silva, que ainda permanece refém de muitos preconceitos, a favor e contra, apenas devidos, quando assim acontece, à ausência de uma leitura global, atenta e reflectida da sua obra, que atenda aos diferentes períodos da sua génese e evolução e procure os fundamentos e articulações que estruturam as suas proposições mais visíveis.»
Paulo Borges
in Prefácio
«Reúnem-se aqui as mais de meia centena de comunicações proferidas durante os três dias do Congresso Internacional do Centenário "Agostinho da Silva, pensador do mundo a haver".
Agostinho da Silva consegue juntar num mesmo espaço pessoas das mais diversas proveniências filosóficas, políticas e religiosas, das mais diversas formações: desde aquelas que têm a escolaridade mínima, ou nem sequer isso, até àquelas que têm a formação mais avançada, e, entre estas últimas, pessoas de todos os ramos do saber: Letras, Ciências, Artes, etc. Que espécie de "flauta mágica" tem Agostinho da Silva para continuar a conseguir isso, passados já treze anos sobre a sua morte?
Eis o que para nós continua a ser um enigma. Há decerto, desde logo, o factor humano. Agostinho da Silva, como é testemunhado por muitos daqueles que o conheceram, era, tal o seu carisma, uma personalidade magnética. Mas isso não explica tudo. Sobretudo não explica que Agostinho continue a atrair gente mais jovem, que nunca o conheceu em vida. Para explicá-lo só, de facto, indo ao seu pensamento. Pois que é ele o que, em última instância, atrai todas essas pessoas das mais diversas proveniências filosóficas, políticas e religiosas, das mais diversas formações.»
Renato Epifânio
in Introdução