«Os Açores encontram-se no ponto de intersecção, presente e futura, das influências europeias e norte-americanas, que são actualmente de cooperação mas que podem vir a ser de competição e de disputa. Já se observa uma espécie de isóbare atmosférica que se desloca, por enquanto, no sentido contrário ao do das massas de ar, e que se pode simbolizar nos meios de rastreio geodésico pelo Global Positioning System (GPS), de origem americana, ou pelo projecto europeu Galileu. Ora, as ilhas dos Açores vão ser procuradas para fornecer "facilidades", como as de Santa Maria para a Agência Espacial Europeia, ou a estação internacional de infra-sons na Graciosa. Também as Flores e S. Miguel se preparam para receber as novas estações de radioastronomia e geodesia, numa parceria com o Instituto Geográfico de Espanha. Basta sublinhar aqui que os Açores, no futuro, poderão constituir um centro de pesquisa científica e tecnológica de grande importância mundial, sobretudo nos domínios da interacção entre o oceano e a atmosfera.
Mas para que o interesse científico, tecnológico, e ainda militar, não repita o modelo das zonas de influência típicas do modelo novecentista anterior, é preciso que o poder político nacional continue a trabalhar no sentido de uma verdadeira coesão inter-ilhas, o que só se conseguirá com um desenvolvimento económico harmonioso, e uma equitativa representação política das ilhas no governo da autonomia.
Por fim, uma referência à necessária preparação da qualidade do elemento humano, adquirida pela instrução, pela aprendizagem e pela cultura. Por muito que a geografia impere, é o espírito humano que a compreende e a utiliza.»
José Medeiros Ferreira