A já vasta bibliografia disponível sobre o fim do Império Colonial Português, tem secundarizado – ou mesmo omitido – o período de transição que percorre o derradeiro ano da guerra e se prolonga pelos primeiros quatro meses do pós-25 de Abril até ao estabelecimento da paz.
Neste seu novo livro, David Martelo analisa – com o rigor documental e capacidade analítica a que já habituou o leitor – esse tempo de hesitações e dúvidas, estabelecendo a «ponte» indispensável entre a guerra e a descolonização.
Através de uma expressiva e elegante narrativa, o autor transporta os leitores para o cenário de um dos momentos mais decisivos da história de Portugal: o de se saber se era a democracia que proporcionaria a Descolonização, ou se, pelo contrário, era a Descolonização que possibilitaria a Democracia.
Na parte final da obra, David Martelo recorda o longo processo que conduziu ao cessar-fogo na Argélia, em 1962, numa comparação que considera recomendável anteceder qualquer adjectivação da descolonização portuguesa.
1974 – Cessar-Fogo em África é uma obra essencial que ficará, por certo, nos anais da estatística nacional, quer pelo seu valor documental e literário quer pelas características de exactidão e de «colocar o dedo naferida», que tão bem caracterizam o autor.